segunda-feira, 12 de novembro de 2007

#13 - 12/11/2007

Minha avó pagava uma moeda e cosia um elogio pelos desenhos que eu entregava. Casa com chaminé e fumaça, um Jesus na nuvem, gente como palito, experiências de olhos fechados, e tanto fazia, era sempre a idêntica remuneração. Meu pai me cedia uma hora a mais pro playground a todo gol que eu abalizava nos torneios do colégio, e, como quase nunca acontecia, ele se deixou considerar também passes decisivos ou bolas na trave. Minha mãe vinha com uma fita de videogame pelo boletim que me fluía bem da boca, ao anunciar. Às vezes, uma entonação resolvia.
É, que isso te confirme suas acusações, sou mimado doído sim, me acostumei à recompensa imediata de tudo que faço. Mudaria apenas recebendo pra mudar. E enquanto não, te exijo lábios, coxas, seios, cabelos, vestido primavera, um sorriso de quem me dispensaria se quisesse mas não quer, sua áurea pra me atingir à queima-roupa mesmo podendo me atingir de qualquer recanto do mundo, de qualquer mundo, por cada poema que rabisco no muro de sua casa.

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